quarta-feira, 17 de agosto de 2011

USO DE BENZOCAÍNA COMO ANESTÉSICO EM BETTA SPLENDENS

Utilização de Benzocaína como Anestésico para Betta splendens
Daniel Henrique Branco Padrão 1 , Brunno da Silva Cerozi 1 , Gustavo
da Silva Sanches1, Álvaro José de Almeida Bicudo 1 e
José Eurico Possebon Cyrino 1
1Setor de Piscicultura – Departamento de Zootecnia – ESALQ/USP
1. Objetivos
Anestésicos são utilizados em peixes para diminuir
estresse, ferimentos e mortalidade durante
o manuseio. Um dos mais utilizados produtos
químicos para este fim é a benzocaína
(etilaminobenzoato), que tem alta eficiência,
baixo custo e uma boa margem de segurança.
O beta, Betta splendens, uma espécie ornamental
de grande aceitação comercial e alto
potencial para utilização em piscicultura, não
tem uma dosagem de anestésico determinada.
O objetivo deste trabalho foi determinar um
protocolo para utilização da benzocaína como
anestésico para está espécie.
2. Material e Métodos
Juvenis de beta (16,28 ± 1,38mm, 102,26 ±
27,49 mg) foram submetidos individualmente a
banhos de imersão em aquário contendo um
litro de água (24,5 ± 0,40 ºC) e benzocaína em
diferentes concentrações (50,60,70,80 e 90
mgL-1). A identificação dos estágios de anestesia
foi baseada em Summerfelt e Smith (1990).
Foram mensurados os tempos para: perda
parcial do equilíbrio e aumento do movimento
opercular (Sta1); perda total do equilíbrio, movimento
opercular lento e nenhuma reação ao
toque (Sta2). Os peixes anestesiados eram
pesados, tinham seu comprimento padrão medido
e eram colocados em outro aquário com
água nas mesmas condições do anterior para
mensuração do tempo necessário para a recuperação
do equilíbrio e o retorno dos movimentos
normais do opérculo (TR). Após a imersão
dos peixes a água dos aquários era trocada.
Os critérios para avaliar a eficiência dos tratamentos
foram adaptados de Summerfelt et al.
(1990): indução a anestesia em menos de três
minutos, retorno dos movimentos normais em
menos dez minutos e ausência de mortalidade.
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualizado (n=10). Os dados
foram analisados através da ANOVA e análise
de regressão. Foi realizada uma análise de
covariância para a variável peso. Os resultados
obtidos foram transformados logaritmicamente.
3. Resultados e discussão
Aumento nas dosagens de benzocaína reduziu o
tempo necessário para atingir Sta1 e Sta2, mas não
para RT, similar aos resultados obtidos por Inoue et
al. (2003).
Tabela 1 - Efeito de diferentes concentrações de benzocaína
sobre o tempo para alcançar diferentes estágios de anestesia.
Entrada no estágio St2 é influenciada pela variável
peso (Figura 1). O RT foi menor que 10 minutos
para todas as concentrações; somente a concentração
90 mg L-1 foi menor que três minutos para Sta2.
Não foi observada mortalidade em nenhum dos
tratamentos.
y = 1,7192+0,026x-0,0002x2 +0,001peso
R2 = 0,77
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
2,40
2,50
2,60
2,70
2,80
40 50 60 70 80 90 100
Concentração (mg)
Log 10 tempo (S)
Figura 1 - Tempo necessário para atingir Sta2 espécie B. splendens
sob diferentes concentrações de benzocaína.
4. Conclusão
A concentração 90 mg L-1 satisfez todos os critérios
adotados para anestesia ideal do beta.
5. Bibliografia
Summerfelt, R.C. e L.S. Smith. 1990. Anesthesia, Surgery, and
Related Techniques. Pages 213-272 in C.B. Schreck and P.B.
Moyle, editors. Methods for Fish Biology. American Fisheries
Society, Bethesda, MD, USA.
Inoue, L.A.A.K.; C. Santos Neto, and G. Moraes. 2003. Clove oil
anaesthetic for juveniles of matrinxã Brycon cephalus. Ciência
Rural 33(5): 943-947.
Tratamento Sta1 Sta2 RT
mg L-1 s s s
50 149,7±12,3ª 316,7± 52,9ª 312,5±12,3b
60 122,8±30,1ª 307,7±17,0a 332,5±12,3ab
70 61,0±29,5b 265,7±32,9ª 436,8±12,3ª
80 42,9±12,7b 200,0± 42,2b 369,1±12,3ª
90 27,0±3,6c 134,6±30,4c 290,9±12,3ª

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